26 de maio – outono de 2024.
Carta para uma amiga.
Hoje, sabedora da tua existência, decidi falar contigo!
Sou uma escritora de muito longe da tua cidade, do teu estado e do teu país.
Contudo, te conheci, percebi a tua luz na forma de escrever!
Reconheço a tua exatidão em tudo, o meu nome é Thabata Strantford, (para confirmar busquei no google e não achei nada que relacionasse este nome como se apresentou, dizendo ser escritora, nascida e vivida na Nova Zelândia, descendente de noruegueses).
Algo me dizia que era falsa esta apresentação. Então veio: Sigmund Freud é o meu nome.
Mantive-me acamado por vários anos da minha vida, porém nunca deixei de escrever e de pesquisar sobre o ser humano.
Descrever as atitudes, promover palestras, de fato, foi a minha vida. Conhecedor profundo, analisando e perfilando as suas características, escrevi algo aterrorizador, o lado humano sombrio.
As atrocidades envolvidas nas suas personalidades descritas por mim, ficaram marcadas pela maldade humana.
Enfim, deixei descrito somente este lado desumano, e esqueci de conhecer a parte humana, permitindo que isso se agravasse, quando então, parti.
Não quero que isso seja a minha marca aqui na Terra, por isso peço a tua ajuda.
“Seja provedor da sua própria história”, marcou o início da minha busca de conhecimento, até então, desnecessária para a minha vida.
Sou historiador profundo da psique humana, calculei cada passo que o ser humano caminha e, a cada passo, realizei com precisão e exatidão, doutrinando assim as pessoas em minha volta.
Posso adiantar que hoje, não sou mais o mesmo, aprendi que nem tudo é razão. Racional, paguei um preço muito grande em relação a isso. Perdi a minha capacidade de apreender meus sentimentos, a sentir humanamente.
O próprio ego nos faz sermos seres racionais, desumanos, e vai nos enraizando, tornando-nos animais irracionais. Até que um dia, não conseguimos mais distinguir os nossos próprios sentimentos, tudo fica intangível e o tangível já não faz parte das nossas vidas, perdemos nossa capacidade de amar e de sermos amados, perdemos o propósito inicial da vida.
Olho para o mundo que vivi, cheio de sofrimentos, dor, incapacidade de provir e se prover, e as minhas angústias se calam quando vejo o passado, pois tudo é transitório, menos a vida vivida!
Busco reconhecer tudo isso, é difícil crer que nem tudo é o que parece ser!
Nós contribuímos com isso, e tu?
Vejo a tua luta para conviver com o teu trabalho. Crê, é muito mais satisfatório do que imaginas ser!
Garanto-te que a tua luta é mais grandiosa do que um dia eu fui nas minhas teorias, posso garantir que foram teorias!
Assim caminha a humanidade, cada vez mais prestigiosa, perante aqueles que se sentem cientistas, teólogos, capazes de distinguir tão somente o certo e o errado, na qual jogam com o ser humano.
Por isso preciso da tua ajuda.
Algo é igual ou maior, na psicanálise, não existe o teor da compatibilidade em relação aos atos proeminentes de ações do humano sobre as atividades na sua vida real – realidade.
Ao invés disso, o comportamento ilusório se dá pela forma adquirida do homem ao seu habitat.
Não creio que o ser humano de hoje siga a sua trajetória de forma transitória, sem ao menos se questionar sobre a vida que se leva e a vida que se quer levar.
A psique humana é muito deficiente no quesito o que eu sou, o que eu quero, o que eu quero ser!
Deus, peço que me ajude a reescrever a minha história, permita-me proferir as minhas anotações de forma clara e objetiva, para assim ajudar as pessoas que um dia precisaram da minha compaixão, a falta de humanidade da minha parte pode ter destruído, desqualificado, exaurido os seus sentimentos, colocando-as no enfrentamento sombrio dos seus próprios sentimentos, negligenciando o seu pedido de socorro.
Perdoe-me por tudo que fiz a essas almas, esses seres que mantive presos dentro de si mesmos, agredindo, assim, os seus espíritos, permitindo que fossem esfoladas as suas almas e permanecendo perdidos dentro de si mesmos. Quão doloridas devem ter sido as vidas destas pessoas que larguei sem ao menos lhes dar a atenção humana?
Como posso ser perdoado?
Reescrevo a minha história através de ti, menina iluminada que, sem mesmo ter formação acadêmica, conseguiste o conhecimento mais importante do universo. Foste escolhida para ensinar e passar às pessoas o grande conhecimento da consciência humana. Sinto estar te perturbando ao escrever, mas é uma oportunidade única estar contigo neste momento tão conturbado pelo qual a humanidade está passando e que passará nos próximos anos.
16:00 em ponto
Como pode? Fui tomar banho e acabei de voltar a escrever e, de repente, olho para o meu celular e 16:00 horas!
“Nem sempre sou o que quero ser, afinal precisava ser aceito na sociedade”
Obrigada por entender-me, sei que é difícil acreditar sem ao menos ver, simplesmente sentir, o que não foi o meu caso. Passei a minha vida fazendo experiências em seres humanos, introduzindo aparelhos em seus cérebros. Afinal, eu estava procurando cura para as paranoias das pessoas.
Hoje, acredito que a cura estava presente na minha frente e não consegui enxergá-la. Pois eram energias geradas dentro dos pacientes, sentimentos se desdobrando, dores causadas pelo próprio destino, incumbido de fazê-las se curarem!
Deus, como fui óbvio demais!
Fiz pessoas se exaurirem pelos meus métodos nada ortodoxos, córtices degenerados, sangue sendo derramado e eu nada senti. Nem remorso pelo que fiz!
Sinto em minhas mãos o cheiro do sangue, dos líquidos, muito insano da minha parte. Quisera eu poder voltar no tempo e mudar as minhas atitudes e mudar a minha história.
Essa destreza de separar o que é obvio do necessário, tinha um espaço muito grande, que hoje denomino ego.
Deus, o que esta mensagem quer dizer para mim?
Te fortalecer e mudar a tua história!
Seria sair e enfrentar a minha vida, fazendo atendimento às pessoas?
Ver o mundo de outra forma, buscando enfrentar o desconhecido com a verdadeira fé!
Sigmund Freud
Uma paciente.
Fui tolhida pelo infame, porém auspicioso médico Florence que julgava cada animal em sua mesa de estudo, à qual fui submetida.
Chorei pelo inferno que passei. Resignei pelas vidas que vi. Revivi cada momento da minha vida naquele inferno de sanatório. Passei a ter sonolência atemporal, na medida em que os dias se passavam aos meus olhos abertos, sem sequer beber água ou ser alimentada por aquele monstro que se gabava sob os olhares de admiração daqueles homens de branco. Mal sabiam que a loucura proferida era proveniente das almas pedindo socorro.
Nós somos resultado da loucura de um louco! E, mesmo assim, passávamos despercebidas aos olhares da cegueira.
Nos momentos de lucidez, questionava Deus: onde estais que não nos ajuda?
Nada acontecia… Ele não entrava naquele lugar de loucos, pensava.
Até que um dia percebi que sim, Ele estava lá! Estava à nossa espera para nos levar para a vida eterna…
Compreendi que lá eu estava para promover o aprendizado ao homem, e o de Cristo. Apesar do sofrimento, em alguns dos momentos não sentia nada, estava no jardim do paraíso conversando e recebendo ensinamentos de Cristo. No retorno, mais aliviada, iniciava tudo, de novo e de novo…
Não conheci o Umbral, mas acredito que isso era o próprio Umbral.
Hoje, passado o tempo, reconheci a minha identidade, plena e grata. Pertenço a uma comunidade de luz, aprendi a falar com a mente do coração, pois esta é a verdadeira linguagem divina.
Hoje sou mensageira de Deus, contribuo em ações para proteger os mais necessitados, através dos sinais permitidos por Ele!
O julgamento pertence tão somente a Cristo. Ele nos ensinou a promover a Sua vida terrena com a serenidade e o altruísmo de Deus. Cristo me ensinou a elevar o meu contentamento ao Pai. Como homem comum, nos proporcionou conhecer o verdadeiro amor. Com a sua complacência reuniu os valiosos valores do ser humano numa só palavra, “Honra”
Mensageira
Enfermeira
Fui enfermeira trazida pelo então Médico que hostilizava os pacientes através do medo, do pavor, da loucura infernal.
Inicialmente, não o conhecia, pois era motivo de muito orgulho sermos aqueles escolhidos por ele, assim fazendo parte da sua equipe.
Não muito tempo, porém, para perceber que tudo aquilo era inapropriado.
Os excessos de medicações e alteração no quadro dos pacientes eram óbvios demais.
Passaram a serem domesticados pelo próprio professor, tornando-se animais em pessoa. A dor estampada nos olhares das pessoas ali tratados ficaram na minha memória para sempre.
Dediquei-me, então, a ajudar as pessoas às escondidas, evitando dar os medicamentos prescritos. Elaborei fugas, mas a minha luta desencadeou algumas mortes. Então, deixei o hospital e fui para o convento Abadia de San Claire para poder me redimir das atrocidades que vivi por muitos anos. Não sou leiga, busquei me curar deste vazio através das escrituras religiosas e, mesmo assim, continuo com este vazio. As dores no meu corpo perduraram até a minha morte e hoje procuro ajuda espiritual com seres iluminados para a minha cura.
Tudo que passei na terra, continuo a sentir, pois é muito difícil esquecer. Rompo barreiras todos os dias, e peço a Cristo a Sua ajuda.
Que Deus ilumine a todos! Enfermeira
8 de novembro – 09:25 primavera de 2024
Agora não há anomalia dentro de mim. Vejo o esplendor de Deus na minha vida, que renasce a todo momento, surgindo luz dentro de mim.
O aconchego do meu lar, a vista das montanhas…coisas que não via há muito tempo.
Sinto o esplendor do sol pairando na minha mente, agora tão plena, e a espiritualidade tangível na minha vida!
Deus, este é o benefício dos pobres ou dos nobres?
A vida nos ensina a ser pobres, mas a pobreza não é de espírito. É a pobreza de sermos simples, de ouvir o sentido do coração e da sua nobreza, de dar sentido à vida, que nobreza!
Isso equivale à riqueza de sermos felizes e de sermos a própria felicidade!
Sigmund Freud
“No silêncio do meu quarto, agora vazio, vejo o quanto errei durante a minha vida. Mas posso mudar, tornando-me um ser humano a partir dos meus questionamentos próprios, alcançando a minha lucidez através dos seus ensinamentos.
Deus torno-me incapaz de agir, mas com o seu amor hei de me tornar digno da sua misericórdia e do amor!
Ajoelho-me diante de ti e peço que me perdoe.
Que Deus me abençoe!”
Que rompa o meu passado como uma explosão de luz, para que eu possa me tornar digno filho de Deus!!!
A insegurança é um flagelo que traz somente dores materiais (alma)!
06:10, 17 de dezembro, primavera de 2024.
Trajetória de Sigmund Freud
Na minha infância, tudo era tão deserto dentro de mim… Era de um vazio extremo. Nunca tive momentos de lazer com os meus pais.
Tudo era baseado na fé em algo até então desconhecido por mim. Nada fazia sentido…tudo era cinzento demais para mim.
À medida que crescia, sentia a necessidade de preencher este vazio. Nada é por acaso.
Cresci devastado por eles, eu os culpava por tudo que eu era. Pela necessidade de compreender este vazio, tornei-me médico para estudar e compreender a alma humana.Investi e direcionei todas as minhas forças no meu trabalho. Infiltrei-me neste meticuloso mistério do cérebro humano, determinado a conhecer, explorando até o fim, até onde iria a angústia, o desequilíbrio, a dor, a lucidez (caso ela existisse).
Nada que eu pudesse provar contundentemente.
Eu precisava me conhecer, descobrir como age a psique humana através das minhas pesquisas. Duramente entendi, mas não aceitei que tinha algo maior transitando nesta pesquisa que eu não enxergava, não sentia. Mais precisamente, a minha condição de pesquisador não estava pronto para aceitá-la, pois não era no que eu acreditava.
Nada se compara à selvageria cometida por mim, como ser humano.
Provar a magnitude da medicina seria manipular a minha própria existência. Sejamos honestos conosco mesmo, o meu desejo era provar a inexistência de algo maior, de Deus!
Que os homens, através dos meus estudos e pesquisas, pudessem exercer o papel de Deus. Isso jamais poderia acontecer, pois jamais consegui me preencher como ser humano. Afinal, sentimentos de amor eram algo que eu não tinha dentro de mim. A pungência era uma obsessão no poder e na dominação da mente humana.
Não se preenche o vazio somente com a mente, e sim com sentimentos de amor, carinho e isso se inicia na nossa infância, com nossos familiares. Isso sim, nos preenche.
E esta estrutura inicial, que nos leva a abraçar o mundo de forma gratuita, uniforme é salutar para a nossa saúde mental!
Quisera eu poder ter conhecido e caminhado com eles.
Sim, a arrogância de me apresentar como estudioso me fez cego diante da vida. Demorei muito para ter esta percepção, me prendi em algo que somente os homens sem alma visam. E esta visão nos leva a esquecer de quem somos e a que viemos. E, se a nossa consciência não acorda para esta realidade, deixamos passar, morremos sem nunca ter vivido.
Os horrores cometidos por mim passaram dos limites dos seres humanos, tornei-me um ébrio para poder esquecer as minhas maldades, mortes, loucuras, esquizofrenias, e outras mais.
